18.8.11

Imperialismo na Africa

Durante séculos, a África representou para os europeus apenas uma fonte inesgotável de escravos e, em menor escala, ouro e marfim. No século XVIII, em toda a África Subsariana, os únicos verdadeiros estabelecimentos coloniais eram o de Portugal, em Moçambique, e o dos camponeses na Colônia do Cabo.

Tudo mudou na segunda metade do século XIX. As potências européias, em plena Revolução Industrial, passavam a enxergar a África como potencial mercado consumidor e fonte de matérias-primas minerais e vegetais. No plano político, a expansão imperial aparecia como sinal de influência, poder e prestígio.
O pensamento Imperialista, nutrido pelas teorias racistas, assegurava que o "homem branco" não podia fugir à missão de civilizar as "raças inferiores".

Jules Harmand, um dos entusiastas franceses do imperialismo, dizia em 1910:
" É necessário, pois, aceitar como princípio e ponto de partida o fato de que existe uma hierarquia de raças e civilizações, e que nós pertencemos à raça e civilização superior [...]. A legitimação básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa superioridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e militar, mas nossa superioridade moral". (citado em Cultura e imperialismo, p. 48).
As linhas gerais da divisão colonial da África entre as potências européias foram definidas na Conferência de Berlim (1884-1885). A conferência internacional, convocada por Bismarck, concentrou suas discussões no problemas da navegação e do comércio nos rios Congo e Níger e nas formas de apropriação colonial de territórios africanos. Participaram da reunião representantes de 15 países europeus, além dos Estados Unidos.

A Conferência de Berlin não dividiu o continente em colônias, mas fixou princípios para evitar conflítos entre as potências européias que se lançavam à partilha da África. Na década seguinte, as potências apressaram-se em estabelecer bases coloniais e traçar fronteiras, a fim de garantir a soberania sobre os territórios que começavam a ocupar.



 A Grã-Bretanha e a França tornaram-se as potências coloniais dominantes. Os britânicos estabeleceram a sua soberania por uma faixa praticamente contínua, desde o Egito até a União Sul-africana, ao longo da África oriental. Os franceses concentraram as suas colônias no Magreb e na África ocidental e equatorial. Alemanha, Portugal, Espanha e Itália ocuparam territórios marginais. No centro do continente, destacava-se ao Congo, que no início do século XX deixou de ser colônia privada, passando à soberania da Bélgica.

As potências européias produziram, na prática, a cartografia política da África, traçando fronteiras sobre espaços étnicos e culturais dos quais pouco conheciam. Em alguns casos, as linhas de fronteiras se apoiaram em acidentes naturais, como os cursos dos rios e lagos ou os divisores de águas. Em outros, utilizam-se linhas geométricas, traçadas como projeções da desembocadura litorânea dos rios ou com base em meridianos e paralelos.

Durante o periodo colonial, as metrópoles produziram divisões administrativas no interior dos seu territórios. Tais divisões tinham, quase sempre, funções práticas ligadas à distribuição das forçar militares coloniais ou ao controle das cidades e dos encláves de mineração.

Desse modo, os europeus inventaram territórios que não tinham raizes nas experiências históricas africanas. Os estados africanos independêntes, que surgiram no pós-guerra, herdaram as linhas de limites traçadas pelas potências européias.

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